domingo, 31 de janeiro de 2010

Cuba ¿libre?

Acabo de voltar de Cuba, uma viagem fantástica com o meu sempre companheiro de aventuras Luizão e os amigos Cintia e Borão.

Com certeza uma viagem que está entre as minhas "top 10", principalmente pela diversidade de coisas diferentes que fiz, vi e aprendi em tão pouco tempo.

Começamos a viagem em Havana (adoro metrópoles latinas, e esta é especial...). Ao chegar no aeroporto, já me senti nos anos 50. Além de ser tudo muito velho, havia uma multidão de gente fumando dentro do saguão. Chegamos de noite, e do aeroporto até o hotel não consegui ver quase nada da cidade pois de noite Havana é uma penumbra. O hotel continuava transmitindo a sensação de estarmos nos anos 50, pelos mesmos motivos que citei acima. No dia seguinte caminhamos pela avenida beira-mar, chamada "Malecón" até "Habana vieja", o centro histórico. Pelo caminho, vimos alguns predios lindos e imponentes, e vários outros pobres e aos cacos. Depois de uma longa caminhada, fomos abordados pelo simpático "Ronaldiño", um (putz, como se chama quem conduz uma carroça?) que nos convenceu a contratar seus serviços para conhecer o centro histórico (seu apelido vem da semelhança com o nosso Ronaldinho gaúcho). Ao perguntar ao Ronaldiño sobre a vida em Cuba, a resposta de quem não quer ou não pode falar sobre política veio em forma de uma frase famosa do Comandante Fidel: "¡El mérito es estar vivo!"... Esta frase na minha opinião retrata perfeitamente o conformismo da maioria dos cubanos. Seguimos depois para a parte mais moderna (?!) de Havana, e fomos até a Praça da Revolução, onde há um prédio com o rosto do Che Guevara e outro com o do Camilo Cienfuegos (não lembra o Bin Laden???).
Imperdível em Habana vieja: Caminhar a pé pelas ruas estreitas, e visitar todas as suas praças; visitar a "Camara Oscura" (uma engenhoca inventada por Da Vinci que projeta a imagem da cidade vista de cima numa tela redonda); assistir ao "Canhonaço" na Fortaleza de San Carlos (diariamente, as 21h); conheçer "La Bodeguita del Medio", bar preferido de Hemingway nos anos que viveu em Havana; visitar o Capitólio; andar a pé pelo "Passeo del Prado".

A CUBA DOS TURISTAS

O litoral de Cuba é um dos mais lindos do mundo. Mar azul e morno do Caribe, areia branca que nunca esquenta e não queima nossos pés, temperatura agradável o ano todo, lindíssimos e variados resorts internacionais. Tivemos a oportunidade de conhecer Cayo Largo (uma ilhota no sul de Cuba) e Varadero. A chegada a tais lugares é emocionante, começando pelo vôo interno, operado pela Cubana Aerolíneas. Um aviãozinho de não sei que década do século passado, quente pra caramba, e com mosquitos viajando junto, que sai de um aeroporto que mais parece uma rodoviária de uma cidadezinha no interior do Tocantins (o cartão de embarque é escrito à mão!).
Cayo Largo tem as praias mais lindas que já vi. Alugamos scooters, e praticamente circulamos a ilha. Fizemos top less na praia (em Roma, faça como os Romanos...). Entramos num tanque de tartarugas. Corremos numa estradinha à noite que era iluminada apenas pelo céu...
Em Varadero andamos de caiaque e catamarã. Na falta de "propina" (gorgeta) para dar ao condutor do catamarã, o Luizão cedeu seus óculos escuros, o que deixou o moço muito satisfeito (para ter um desses em Cuba, só mesmo sendo um "regalo"...).

TUDO POR UM CUC

Em Cuba existem duas moedas, o Peso (moeda utilizada para pagar os salários dos trabalhadores) e o CUC (peso convertível - moeda usada para o turismo). Este segundo vale aproximadamente 25 vezes mais que o primeiro, e vale mais que o dólar (o ideal é que os turistas levem euros para Cuba e não dólares, para não perderem muito na conversão). O problema, é que nada se compra com os Pesos, e os cubanos tem de trocar seus pesos por CUCs, ou seja, o Peso não serve para nada.
Mesmo estando de férias em um lugar tão paradisíaco é inevitável pensar, questionar e refletir sobre o que se passa em Cuba. Uma coisa é visível, os cubanos fazem tudo por um CUC. O salário médio de um cubano é o equivalente a 25 CUCs, ou seja, nada. No socialismo, teoricamente, a população recebe tudo gratuitamente do governo e por isso não precisa de um salário que lhe dê poder de compra (mesmo porque, não existem lojas!). Mas este "tudo" ao longo dos anos virou quase "nada". Os hospitais são precários, a comida racionada, a moradia em ruínas, os produtos de higiene pessoal (escova de dentes, papel higiênico, sabonetes, etc) são artigos de luxo uma vez que não são fornecidos pelo governo e não podem ser comercializados! Por conta desta situação, os cubanos (que trabalham com turismo, restaurantes, etc) tentam sempre conseguir alguns CUCs com os turistas. Se não for através das "propinas" (gorgetas), eles pedem, ou até dão pequenos golpes.

No vôo de volta, sentei ao lado de uma jovem que estava usando um colarzinho escrito "Cuba". Puxei conversa com ela pois não queria perder a oportunidade de conversar com uma cubana que talvez pudesse me contar mais sobre a realidade deste povo. Ela estuda e mora na Colômbia, sua mãe é russa e seu pai cubano. Ela estava disposta a conversar comigo, mas ela sussurrava, pois dizia que "não sabia quem estava nas poltronas na nossa volta". Acabamos conversando em inglês, e ela me disse coisas interessantíssimas porém insanas a respeito da vida lá.

Eu poderia ficar horas escrevendo sobre esta viagem inesquecível, mas é melhor parar por aqui, se não ninguém teria paciência de ler. Resumindo, foi um mix de cultura, belezas e diferenças. 

2 comentários:

ciça disse...

Marineraaaaaaa

quantas emoções nessa viagem, hein?? Será que a gente vai se encontrar pelo mundo ou ir para o mundo nos encontrando antes? Qual será o segredo de Tostines???

Cadê Canadá? disse...

Uau!! Quanta coisa mesmo, hein.... fiquei de cara com esta da higiene pessoal...
Eu achei o passeio q eu fiz em Porto Varas a "sua cara"!!! Bem aventura... o rafting foi pura adrenalina!!! Se puder, coloque em seu planos!!!
Beijks
Ca